A partida mais maluca da história
completa 20 anos: o dia em que os dois times queriam o gol contra
Qual o objetivo básico de um jogo
de futebol? Marcar gols, certo? Você pode até pensar que estamos tentando tirar
sarro da sua cara, mas, acredite, o óbvio foi ignorado no dia 27 de janeiro de
1994. Pelo menos da maneira como todos estão acostumados. Bastou um regulamento
esdrúxulo para que a partida entre Barbados e Granada fosse virada do avesso.
No fim do jogo, as duas seleções ainda queriam balançar as redes. Mas não as da
meta adversária.
A maluquice toda começa nos
quartel general da Concacaf, durante a organização da Copa Caribenha de 1994.
Para aumentar a atratividade da competição, os dirigentes resolveram inovar nas
regras: não existiriam empates. Todas as partidas que terminassem com o placar
igualado iriam para a prorrogação. E, para alimentar ainda mais os ímpetos
ofensivos, o gol de ouro valeria o dobro na tabela. O tiro que parecia
certeiro, contudo, saiu pela culatra.
Barbados e Granada se
enfrentariam na última rodada do Grupo 1 – que já tinha Porto Rico eliminado –
brigando pela única vaga na segunda fase. Para avançar, os barbadianos
precisavam vencer por pelo menos dois gols de diferença. Em situações normais,
daria para se dizer que os granadinos tinham o regulamento debaixo dos braços.
Mas não com a invencionice da Concacaf.
Barbados começou a partida
fazendo sua parte. Jogando em casa, o time abriu 2 a 0 no placar. Porém, aos 38
minutos do segundo tempo, Granada conseguiu reduzir a diferença para 2 a 1, em
resultado suficiente a sua classificação. Pouco tempo para os anfitriões fazerem
o gol que lhes faltava? Não quando se conhecia as regras do campeonato. A três
minutos do fim, um defensor e o goleiro barbadiano começaram a tabelar
estranhamente na própria área. E eis que o beque enche o pé contra as próprias
redes (veja o vídeo abaixo). Loucura? Pura lucidez.
O zagueiro percebera que o empate
por 2 a 2 era tão útil para Barbados quanto a vitória por 3 a 1. Afinal, a
igualdade no placar garantiria mais 30 minutos de prorrogação. E, se sua equipe
marcasse o gol de ouro, que valia o dobro, venceria o jogo por 4 a 2. O
suficiente para alcançar a classificação.
O gol contra foi a chave para que
Granada também desse conta do que estava acontecendo. E os minutos finais
daquela decisão foram insanos. Os granadinos precisavam de apenas um gol,
contra ou a favor, já que a vitória ou a derrota por 3 a 2 os beneficiava
igualmente. Enquanto isso, os barbadianos tinham o árduo trabalho de defender
as duas metas, evitar o tento de qualquer maneira. Conseguiram, levando a
partida para o tempo extra, como queriam.
“Eu me senti trapaceado. A pessoa
que veio com essas regras devia ir para um hospício. O jogo nunca deveria ter
sido disputado, com tantos jogadores correndo confusos em campo. Nossos atletas
nunca sabiam a direção na qual atacar, a do nosso gol ou a do gol adversário.
No futebol, supostamente você tem que marcar contra o oponente para vencer, não
para ele”, declarou na época James Clarkson, técnico de Granada.
A partir da prorrogação, o jogo
voltou ao normal. O gol a favor beneficiaria a equipe que o fizesse. E
justamente Barbados foi quem saiu vitorioso, marcando o gol de ouro que
garantia o 4 a 2 no placar. Logo na fase seguinte, a prorrogação foi abolida. E
os barbadianos foram sumariamente eliminados – curiosamente, empatando dois de seus
três compromissos. O campeão daquela Copa Caribenha foi Trinidad e Tobago. Que
nem de longe merece tanto espaço na história quanto Barbados e Granada, os
protagonistas de um jogo prejudicial à sanidade mental.
Em 1998, outra vez o desejo pelo
gol contra
Apesar do resultado inusitado,
esta não foi a única vez em que dois times buscaram os gols contra. Caso
aparecido aconteceu na Copa Tigre de 1998. Tailândia e Indonésia já tinham se
classificado para as semifinais, mas quem vencesse o jogo enfrentaria o
favorito Vietnã. Então, nos minutos finais, quando o placar apontava 2 a 2, os
dois times passaram a tentar balançar as próprias redes. Indonésios atacavam a
própria meta, enquanto tailandeses a defendiam.
O ‘gol da derrota’ saiu nos
acréscimos. O defensor indonésio Mursyid Effendi dominou a bola em sua área e,
contra, fez o tento que deu a vitória à Tailândia por 3 a 2. Mas, no fim das
contas, a justiça foi feita. Os dois países foram eliminados nas semifinais,
tiveram que pagar multa de US$ 40 mil pela atitude antidesportiva e Effendi foi
banido do esporte pelo resto da vida.
Fonte: Site Trivela
Fonte: Site Trivela
Por: Leandro Stein
27 de janeiro de 2014 às 9:54
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