18 de Maio / José Lúcio Marques |
O gol de Alecsandro contra o Corinthians no jogo de ida das quartas de final da Copa Libertadores colocou em xeque o tira-teima da TV Globo. O lance foi tão duvidoso que o recurso tecnológico completo demorou a entrar em ação e só foi mostrado da forma 3D durante o Jornal da Globo. Durante a partida, a emissora havia mostrado um tira-teima simplificado.
A imagem com bonequinhos mostrou que o atacante do Vasco
estava um pouco à frente, e a emissora carioca cravou o impedimento. Já a Fox
Sports teve opinião distinta, indicando que o gol foi legal, na opinião do
ex-árbitro Carlos Eugênio Simon.
Vascaínos passaram, então, a criticar a Globo nas redes sociais.
Nesta sexta-feira, na edição do Rio do programa Globo
Esporte, o apresentador Alex Escobar mostrou uma matéria para explicar e
defender a precisão do “super tira-teima”, como ele mesmo definiu.
“Desde a Copa de 86 a Globo usa essa tecnologia, que foi
sendo aprimorada à medida que a computação gráfica evoluiu. Atualmente o
equipamento utilizado é o mais moderno do mercado. No Brasil esse modelo é
exclusividade da Globo”, discursou Escobar.
O apresentador explicou que as imagens são geradas,
congeladas e posicionadas para facilitar a análise. Afirmou que é tudo feito
“com precisão”. E justificou o uso de bonecos na simulação (foto acima). “É
para ajudar a visualização do telespectador e, em algumas vezes, de nossos
comentaristas”, disse.
Na sequência, a matéria colocou uma frase do ex-árbitro e
atual comentarista Arnaldo Cézar Coelho dizendo que errou em seu julgamento
inicial.
“Tirada a teima” (expressão usada por Alex Escobar), a
matéria terminou com Nilton dando ‘dica’ para Alecsandro marcar o gol
legalmente. “Falei para ele subir só com a perna esquerda. Precisava puxar a
perna direita para tirar o impedimento”, brincou o volante.
Pensei em escrever algo sobre o assunto. Mas vasculhando a internet, deparei com o texto de Hélio Ricardo, quem eu já acompanho há algum tempo. Vi que seria desnecessário tentar produzir um. Até porque, no meu ponto de vista, o dele está ótimo!
Pensei em escrever algo sobre o assunto. Mas vasculhando a internet, deparei com o texto de Hélio Ricardo, quem eu já acompanho há algum tempo. Vi que seria desnecessário tentar produzir um. Até porque, no meu ponto de vista, o dele está ótimo!
Hélio Ricardo Rainho é Carioca, publicitário, MBA em
Marketing, ator, diretor teatral, escritor, pesquisador de escolas de samba,
futebol e teatro. Escreveu a biografia do jogador Mauro Galvão e é colunista de
futebol há 11 anos.
Leia o texto
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Caso Tira-Teima: Concorrência
Antiética na Transmissão Esportiva
Eis no que deu o brinquedo! O excesso de benesses políticas, as recorrentes arbitragens tendenciosas e as denúncias do árbitro Gutemberg de Paula Fonseca, pouco exploradas pela imprensa oficial, acabaram redundando em grande murmúrio no jogo Vasco x Corínthians realizado esta semana, dia 16/5, em São Januário, pela Copa Libertadores. Na oportunidade, um gol anulado do atacante Alecsandro, em lance de impedimento difícil de avaliar, causou grande rebuliço na internet e nas discussões de bar em geral.
Eis no que deu o brinquedo! O excesso de benesses políticas, as recorrentes arbitragens tendenciosas e as denúncias do árbitro Gutemberg de Paula Fonseca, pouco exploradas pela imprensa oficial, acabaram redundando em grande murmúrio no jogo Vasco x Corínthians realizado esta semana, dia 16/5, em São Januário, pela Copa Libertadores. Na oportunidade, um gol anulado do atacante Alecsandro, em lance de impedimento difícil de avaliar, causou grande rebuliço na internet e nas discussões de bar em geral.
Não foi o primeiro e não há de ser o ultimo debate acalorado
sobre as coisas do futebol. A marcação de impedimento, em alguns casos, é
realmente digna de controvérsias, porque pode exigir dos olhos dos árbitros uma
tenacidade que humanamente seja variável ou até impossível. Chovia muito em São
Januário e era possível que, no referido lance, alguém perdesse o foco certo
para definir com justiça a questão.
As benesses e denúncias a que me referi na abertura deste
texto justificam as suspeitas, as acusações e tudo o mais acerca da questão.
Alimentam a polêmica do futebol. Como também, é claro, não se sabe se o juiz teria critérios diferentes caso o gol
beneficiasse o outro, e não o Vasco.
Sim, tudo isso é subjetivo e gera controvérsias.
Mas a estranheza, mesmo - ao pé da letra - foi o circo
armado contra o Tira-teima, conhecido recurso tecnológico da Rede Globo para
desfazer dúvidas em lances polêmicos dos jogos de futebol. No exato momento em
que o gol foi anulado, antes de o recurso ser utilizado, o comentarista de
arbitragem da emissora, Arnaldo César Coelho, afirmou que o gol fora legal. O
uso do Tira-Teima, feito mais tarde, trouxe o depoimento do comentarista
dizendo ter errado e reiterando a marcação correta de impedimento pelo juiz.
"Deu-se a melódia!" - diriam os antigos.
De um fato que poderia ser corriqueiro numa transmissão de
futebol, criou-se um oba-oba nas redes sociais, fomentado por canais
concorrentes, de que a Globo teria "manipulado o Tira-Teima" (?)
seguindo a orientação de "ordens superiores urgentes" (?). Embalados
nessa marola, torcedores passaram a acreditar e a divulgar a versão nas redes
sociais. Pior: o canal Fox Sports, recém-estreante, resolveu fazer sua
"versão" para o Tira-teima, mostrando, em recurso análogo, uma linha
virtual traçada sobre o campo que contestava o veredito global. Nas redes sociais,
o comentarista Milton Neves - encarnando o papel de chacoalhador insensato que
lhe parece caber como a ninguém - também tripudiou do recurso tecnológico da
emissora do Jardim Botânico. Os concorrentes estavam vingados! Seria isso? Mas,
lamentavelmente, distorceram os fatos e conseguiram, sutilmente, enganar a
audiência: manipularam as pessoas em favor de seus alvos particulares.
Poucos perceberam o que realmente aconteceu.
Sem que as pessoas se dessem conta, a discussão já havia
saído, há muito tempo, da batalha da Libertadores para a guerra de audiência. A
polêmica maior do jogo deixou de ser a arbitragem do Sr. Sandro Ricci (famoso
por ter prejudicado outros adversários corintianos em campeonatos passados) e
passou a ser o Tira-Teima da Globo. De cada dez postagens, nove eram para
ofender ou desmentir a Globo, não para criticar o juiz. Um ato falho, até
aceitável, dos torcedores inflamados. Porém um gesto antiético e sobremodo
oportunista dos canais concorrentes.
A impressão que se tinha era de que a marcação do
impedimento foi do Tira-Teima, e não do juiz. Ninguém quis perguntar-se a si
mesmo se o juiz por acaso revalidaria o gol caso o Tira-Teima o considerasse
legal. Clássica situação onde se culpa a janela por conta da paisagem!
O Tira-Teima é um recurso antigo da Rede Globo que nunca, em
nenhum momento, jamais havia sido copiado por ninguém. Nem mesmo a Record
(também chamada de "Recópia" por tentar o tempo todo assemelhar-se à
Globo) praticou tal tubainagem. Já era de se estranhar, portanto, que uma tevê
estreante como a Fox Sports tivesse o mesmo recurso de uma hora para outra. E
justamente por ser a única que detém também os direitos de transmissão da
competição, tendo a Globo por principal concorrente. A linha traçada pelo VT da
Fox beirava o primitivismo virtual. As acaloradas discussões dos comentaristas
desfocaram a discussão e, em pouco tempo, espalhou-se uma agressiva campanha
contra o Tira-Teima global.
A edição do Globo Esporte de hoje, 18/5, esclareceu os fatos
em uma matéria toda dedicada ao Tira-Teima, publicada no link
http://globoesporte.globo.com/globo-esporte/videos/t/globo-esporte-rj/v/conheca-como-funciona-o-tira-teima-da-rede-globo/1953332/.
Explicou como funciona, como é aplicado e reproduziu toda a análise para
comprovar o que havia sentenciado. O recorte mostrou claramente a condição de
impedimento do atacante Alecsandro, adiantado no momento em que Diego Souza
toca-lhe a bola de cabeça.
Num vasto universo de blogueiros e analistas de futebol da
grande web, percebe-se a carência de pessoas que efetivamente entendam a
Comunicação Social numa hora como essa. Poucos perceberam o ato vil por detrás
da onda. Muitos se levam pelos "ventos de doutrina", alardeiam o
oba-oba e tornam-se cúmplices (in?)voluntários de uma campanha sensacionalista
para tentar desmoralizar uma emissora. Tudo isso, claro, em proveito próprio e
busca de espaço na guerra de audiência.
É lamentável que a guerra de audiência tenha enviesado para
esse caminho populista e antiético justamente dentro da área do esporte, onde
se prega tanto fairplay e se faz tanta apologia do respeito ao próximo.
Talvez regidos pelo mesmo termômetro da desconfiança com que
viram as denúncias de Gutemberg de Paula Fonseca desaparecerem do cenário, não
merecendo mais que os comentários do dia e nenhuma investigação por parte da
imprensa especializada, torcedores acabaram embarcando na "teoria da
conspiração", distorcendo fatos e fazendo a vontade dos manipuladores de
discurso. Para um país que hoje se vangloria de sediar uma Copa, o caso
Gutemberg de Paula Fonseca deveria ter quase a mesma repercussão dos recentes
escândalos do bicheiro Cachoeirinha.
Ou será que não?
Lutemos, sim, contra a omissão de fatos e a
ocultação de denúncias. Mas, sobretudo, de olhos abertos para não virarmos
massa de manobra a serviço dos especuladores do lucro da audiência.
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